Se dos anéis internos dos fustes das árvores podemos definir ou determinar a sua idade, este é o lugar certo para aferirmos a idade do Mundo.
Este é o título que decidi atribuir a um projecto ainda em construção e que leva já muito de recolhas visuais e gestação no pensamento. Julgava eu poder dar-lhe o primeiro remate conclusivo com base nas recolhas que realizei nos últimos anos no âmago do chão de Mértola e no outro extremo em frente, junto do mar.
Ainda bem que, outros motivos me fizeram esperar. Pois agora sei que ele ficaria em muito deminuído se não estendesse o olhar e os sentidos a esta enorme massa geológica, em que se assenta todo o Norte do continente africano.
É óbvio que esta Idade do Mundo, surge sustentada pelos ímpetos poéticos que continuamente me orientam e movem. Mas, pondere, quem pretender dissociar na mais antiga aliança do conhecimento, a energia que estimula o interesse do cientista e o leva ao fundo das conclusões, e aquela que descodifica a mais íntima matéria dos Universos e a torna transparente, discernível, formada no espírito e emitida pelo fio óptico e sensorial do Prisma, que encerra todo o segredo da Poesia.
No dia da abertura da Expo 98, foi lançado para o Espaço num foguetão da NASA o primeiro satélite português. O Posat 1. Durante a longa emissão televisiva que fusionava os dois acontecimentos, uma das cientistas em interrogatório mediático afirmou: - Só há duas maneiras de conhecermos ou dialogarmos com o Universo. Uma é estudando astrofisica, e a outra está inscrita na sorte de ter-se nascido poeta.
Se a mim não me foi proporcionada a oportunidade de ser cientista em qualquer tempo da minha existênca e se aos sete anos de idade, fui pela mesma energia de hoje impulsionado a compor os meus primeiros versos, não será complexo poder definir que existem múltiplas formas de observação e análise do Universo e que a primeira se estabelece entre o ponto onde pões os pés e um outro, que é a superfície onde batem persistentemente os teus olhos. Ou para lá deles, até onde podem navegar os sentidos.
Destas superfícies visivelmente estractificadas, umas sobre enormes massas de xisto, outras vindas da irreverente inquietude dos vulcões, nos chega a inspiração que nos envolve e impressiona sobre a grandeza e o poder do Mundo. Sobre o seu poder generoso e por vezes austero, sobre a sua beleza infinita e a sua eminente fragilidade.
Sobre estas montanhas íngremes, enormes, quase apocalípticas, em que os olhos quase não vislumbram mais nada senão rochas, é ainda possível observarmos pastores e rebanhos em busca de alimento. Para nossa surpresa e espanto, num território em posição crítica de sobrevivência e sustentação, descobrem-se soluções indicadas pelos animais e rigorosamente interpretadas pelos seres humanos. Uma generosa troca, de ensinamento e aprendizagem levada ao extremo do exemplo, que permite a ambos permanecerem e prosseguirem juntos na enorme caminhada.
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Para o Professor Cláudio Torres, pela sua enorme fonte de estímulo.
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Copyright: Germano Vaz - World Arts Gallery - Sociedade Portuguesa de Autores - 5/2009.
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PARABENS GERMANO
ResponderEliminarAS IMAGENS SÃO LINDAS!!!! A ESCRITA RETRATA O GRANDE SER HUMANO QUE ÉS. POSSUIS A ALMA DA NOSSA GENTE QUE TEIMOSAMENTE RESISTE ÀS ADVERSIDADES DO QUASE(?) ESQUECIDO NOSSO ALENTEJO.
INVOCARES CLÁUDIO TORRES É JUSTO, MUITO JUSTO!
BEM HAJAS!
G.B